sexta-feira, julho 16, 2010

Bouillon´s Wake

O período de coma fez bem. Foram dois lapsos e o último de quase cinco anos sem reativação do blogue, período suficiente para a recuperação do golpe de massa sofrido na cabeça e a retirada de umas lascas de flecha (duas delas no pescoço). É hora de retornar da Terra Santa, com muita alegria e o habitual bom humor.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Verão que o apelo importa.

Richard Bach é retrô. É retrô hoje, porque nos anos oitenta chegava a deixar gente grande com vontade de bater asas e sair flutuando feito Fernão Capelo. Mas isso hoje tornou-se retrô, não tanto quanto seu similar brasileiro, Leonardo Boff e sua granja de galinhas improváveis. Diferentemente de Bach, Boff transforma um momento de frívolo prazer retórico em plataforma da insurreição política. A comparação entre ambos não é maldade com Bach, de quem sinto saudades (apenas para ter aqueles momentinhos frívolos de leveza de incenso de morango), sem compromisso de sair voando por aí dizendo-se águia, sou uma águia, sou uma águia. Boff nasceu retrô.
Sinto saudades desses caras que tinham por objetivo fazer pensamentos-incenso sem bajular o leitor. Em muitos momentos estava claro que o importante era voar (com avião mesmo), e fazer gozação sem compromisso de insuflar a classe trabalhadora e oprimida.
Bach está na ativa em richardbach.com . A única coisa que aparece de imediato é um suposto "Manual do Messias", diretamente vindo de "Ilusões". Obviamente trata-se de um link para uma editora que disponibiliza, em primeiro plano, o último lançamento do autor por US$ 6,48 (50% de desconto do preço original). Dessas coisas que custam e dão mais barato que uma carreira de cocaína.

sexta-feira, novembro 18, 2005

A hibernação de Godofredo

Passei exatos dez meses sem escrever absolutamente nada. Ninguém efetivamente teve notícias minhas nesse período. E aqui vai um relato resumido de minhas atividades enquanto prestava silêncio aos meus leitores habituais (três ou quatro pessoas):

- Encontrei Fabrício Campos por duas vezes, quase careca, quase magro, quase hipocondríaco, quase fumante. Os acontecimentos penais dos últimos meses fizeram dele um bagaço paranóico;

- Entrei no Orkut. Saí do Orkut. Entrei no Orkut de novo. Meu recorde: 10 amigos;

- Assediei Ascalão, Acre e Damieta. Perdi nariz, orelha, sangue e a honra.

- Recuperei a honra e Chipre.

- Converti infiéis. Matei outros.

- Recebi mensalão.

- Fui dado como morto.

Então vi que era tempo e voltei. Novamente estou aberto aos comentários gloriosos sobre meu retorno.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Movimento para a frente.

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domingo, janeiro 16, 2005

VEM AÍ, T.R.I.P.A.S. (Tribunal Revolucionário Internacional Popular do Alarme Social)

Em defesa dos direitos humanos através do pânico e do terror. Até que o último inimigo do povo seja enforcado nas tripas do último que sair.
Sob direção do camarada, digo, companheiro e amigo do povo, Isaías Marat.

O que deverá sair de TRIPAS:
1. Pela defesa dos direitos humanos, civis e políticos, nem que seja na base do cacete.
2. Pela defesa do cacête. Pena de morte aos inimigos do povo.
3. Pela observância das Leis do Estado.
4. Distribuição de prêmios, condecorações e brindes
5. Distribuição de penas: só o tribunal de exceção pode garantir das liberdades civis.
6. VIVA A REPÚBLICA!

Uma Cepeí da pesada, loka d+ mermão...

Depois reclamam quando eu falo mal da galera. A galera foi visitar o filho do Presidente de Pindamonhagaba e fez coisas que a galera costuma fazer quando vai à casa do filho do Presidente. Durante algumas horas, as imagens do tour ficaram num fotoblog (daqueles em que se coloca fotos e legendas, com descrição do que as fotos contém). Cogitou-se de uso do erário para diversão do pessoal. O que mais pegou, entretanto, foi a estranha língua em que foi descrito o recreio no aquapark do Torto. Eis a cena de uma possível CPI, coordenada pela oposição.

Deputado Relator: “Antes de começar, gostaria de esclarecer ao senhor que fui advertido por meu colega da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados de que o senhor não pode ser considerado como tendo capacidade para figurar nesta sessão como interrogado, haja vista que há dúvidas quanto à sua capacidade psíquica de ser responsabilizado pelos atos que estamos investigando. Portanto, iremos ouvi-lo na qualidade de testemunha e portanto o senhor deverá prestar compromisso diante da comissão, certo?”

Bródi: [O advogado cochicha algo no ouvido do rapaz] “Beleiz, ta certu aí.”

[passa o tempo. O trabalho é duro]

Deputado Relator: “De quem foi o convite para o passeio na Granja do Torto?”

Bródi: “Foi aí, quer dizer, o Lula, não o Lula que faz esses negócios de ser o chefe e tal, mas o meu bródi, o Lula, filho aí do ômi que é chefe d´o-6s.”

Deputado Relator: “Então o sr. confirma que o convite foi feito pelo filho do Presidente?”
Bródi: “(...)”

Deputado Relator: “O sr. vai responder à pergunta?”
Bródi: “quem, eu?”

Deputado Relator: “É, o senhor.”
Bródi: “Pô ai, naun tava prestanotenção, pô, mi chamanu de senhor o senhor keria o kê? “

Deputado Relator: “Você então, poderia responder?”
Bródi: “Qual memo?”

[passa o tempo. O trabalho é duro]


Deputado Relator: “Então você confirma que o convite foi feito pelo filho do Presidente e não pelo próprio Presidente?”
Bródi: “Presidente ?”

Deputado Relator: [faz sim com a cabeça]
Bródi: “Ah, é, tá, o pai do Lula, o Lula. O Lula me ligô, preu falá com a galera e tal e ia rolar um rolé com a galera, aí eu fui e tal, e todo mundo, foi molegal aí.”

Deputado Relator: [triste] “Você e o pessoal e tal vieram de avião para Brasília?”
Bródi: “Não, a gente fomos para a Granja do Torto e de lá para o Palácio e depois para o sítio, de novo. Nem passamu perto de Brasília.”

Deputado Relator: “[cochicha com o outro deputado, ri. Cochicha de novo, ri de novo] É, ta certo. Você sabia que lá onde você foi com a galera é a capital do Reino do Pirimpimpim?”
Bródi: [ O advogado do rapaz comunica algo, baixinho]. “Ah, mas não é Brasília? “

[passa o tempo. O trabalho é duro]


Há um colóquio, fora do microfone, entre o advogado, um deputado e o relator. Deliberam rapidamente e o relator gesticula muito exaltado para os demais, procurando saber deles alguma opinião. O deputado parece satisfeito com a solução e os três se posicionam novamente.

Deputado Relator: “Fui comunicado pelo representante da comissão de Direitos Humanos do Câmara que o senhor não está mais apto, pelo visto, a prosseguir com seu depoimento. A recomendação foi de que não prosseguisse a audiência até a requisição de profissional autorizado a proceder à comunicação entre o senhor e os membros dessa Comissão parlamentar. Agradeço a presença e a colaboração. A sessão está encerrada.”
Muleke: “Demorô.”

Deputado Relator: “Demorou o quê?”
Muleke: “Ué, naun cabou? , entaun demorô.”

E então passa uma manada de elefantes na sala da Comissão, esmaga todos e o dia termina assim, no zero a zero. Huahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuahuah.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Frases de esperança para 2005 (ou todos os anos)

Há frases que são desoladoras, deprimentes e amargas em qualquer situação. Eis a minha lista mínima dessas desgraças que ninguém precisa falar comigo:

"Estou sendo pago para isto."

"A previsão era de sol."

"Tá todo mundo lá!"

"Foi bem pior com Stalin."

"Reconhecemos seu trabalho, apesar de tudo"

"Ele não costuma ir armado."

"Da outra vez, ele acertou, mas antes, não".

"Não é hábito dele vir aqui"

"Eu também tenho interesse em ajudar"

" O problema é de outra natureza"

"Fulano fez assim e deu certo"

"Estou escrevendo um romance, é sobre um rapaz que se apaixona por..."



quinta-feira, dezembro 30, 2004

Tsunami: a nova onda da galera

Falando em maremotos apocalípticos, passei em Estado longínquo da federação onde a onda agora é suprimir a oposição política por meio de prisões preventivas, processos e alardes habituais na imprensa. Não parece haver sentido em fazer acordos com a base aliada quando se pode invocar a figura do "corrupto" e acusar quem atravanca o caminho do mandarim. O hábito é antigo: "inimigos do povo", "subversivos", "traidores da pátria", "burgueses" e, agora "corruptos". Quem hoje está do lado errado do jogo, já se ferrou. Just business.
Para os que serão processados (e, obrigatoriamente, condenados), ficou o recado do governo local, à guisa de esperança: "Os próximos quarenta anos vêm aí!" De reclusão.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

AVISO

Eu vou voltar.

sábado, novembro 06, 2004

POBRE YORICK!

“Alexander died, Alexander was buried, Alexander returneth into dust; the dust is earth; of earth we make loam; and why of that loam whereto he was converted might they not stop a beer-barrel? Imperious Caesar, dead and turn'd to clay, Might stop a hole to keep the wind away. O, that that earth which kept the world in awe should patch a wall to expel the winter's flaw!”
(W.Shakespeare. Hamlet, V.I)

Por rir dos corpos mortos fui levado à reflexão e vi que quebrei a cara fazer chacota do incauto jornalismo de guerra (leia o post anterior). Dois fatos recentes mostram que o corpo de um morto pode, sim, estar vivo, em contraposição ao seu oposto mais comum, um corpo morto encontrado morto. Vejamos que o primeiro fato veio ocorrer justamente no Brasil, nas últimas semanas, com o desenterro do morto Herzog e, como não podia deixar de ser, de todos os milhões de brasileiros mortos na mais horrenda ditadura que o mundo já conheceu. Pela primeira vez, o corpo de um morto é encontrado vivo, eloqüente, cuspindo ódio e vingança, trazendo mal estar e rancores que pareciam enterrados. Virou caso de governo e caiu um coveiro, digo, um ministro que não soube dizer pra todo mundo que há dois cemitérios: o de covas abertas, no quintal da sociedade civil e outro no mundo da governança, que precisa saber usar pás de cal para olhar adiante.
Outro fato é o quase-morto (até agora) Yasser Arafat. Um legítimo corpo vivo de um morto. Em seu coma profundo, Arafat agita toda a galera lá fora enquanto decide se vai ou não enfrentar o misericordioso julgamento do Senhor. A julgar por seu comportamento anterior, é bem capaz de Arafat ficar um tempo morto, cansar-se da morte e depois voltar para liderar a Palestina enquanto as coisas ainda não se acertam. Fourty more years! Fourty more years!