domingo, outubro 17, 2004

MY NAME IS NOBODY

Encerrado o pleito para vereador, os candidatos anônimos finalmente são revelados ao público através das listas dos Tribunais Eleitorais. Muitos só tem aí a oportunidade de mostrar ao menos o nome no jornal, ao lado de um número pífio, geralmente menor que 10 (dez), lá à guisa de votos totais. Tudo está acabado com cinco, seis, talvez dez , contando a boa vontade dos colegas do mutirão da casa da dona nenê. Mas é nisso que vem a Dona Nenê Mãe do Natal, candidata de município longínquo. Talvez ela seja alguma espécie de parente do Papai Noel, de boa lembrança. Na beira da lanterna, encostando na Mãe do Natal, o Trololó, pouco à frente do Sebastiãzão, assim mesmo, com dois til. Me contaram também da derrotada “Gilda, Simplesmente Gilda”, ou simplesmente alguma coisa. Uma conhecida da família em município distante reclamou à justiça eleitoral seus 11 votos, provavelmente sem ter notado no horror que deve ter causado aos seus pretensos eleitores, na hora H, a visão de sua foto na tela da urna eletrônica. Não é à toa que essas infâmias ocorrem. O pessoal procura a neutralização política. Uma candidata subiu ao palanque lotado em concorrido comício em município distante para reclamar do estado das principais instituições: hospital, creche e escolinha. E foi: “O hospital está carente, a creche está carente. A escolinha, coitada, está carente. O que a gente precisa é incentivar a carência!”. As eleições num Brasil do século XXI serão lembradas pela saudade da prática da troca de tiros, hoje em desuso. A festa da democracia já foi mais divertida antes da invasão de palhaços e cuspidores de fogo.